Há uns tempos fiz um destaque deste filme na rubrica
Trailers em rewind. Algo cativou a minha atenção e, simplesmente, tive de ver o filme.
O filme começa com um dos sucessivos falsos suícidios de Harold. Um rapaz desligado do mundo que procura, perto da morte, alguma compreensão em relação à dor que sente. Um jovem que começa a tornar-se adulto, mesmo que nunca deixando envelhecer o seu ar de criança de 10 anos de idade. O seu passatempo preferido é (para além dos imaginativos suicídios), assistir a funerais de pessoas que nunca conheceu. Num desses funerais conhece Maude. Um senhora incomum, que partilha o mórbido gosto por velórios de pessoas anónimas.
Cedo, Harold and Maude, descobrem que partilham uma visão única da vida. Agradavelmente bizarra. Uma visão que só eles entendem. São duas almas sem idade, sem tempo ou espaço. Descobrem-se para além da vista e, nessa conquista, originam uma das mais honestas histórias de amor do cinema.
Filmado com a destreza de um mestre, Hal Ashby, evoca a memória de Kubrick. A violência de Clockwork Orange (também um filme de 1971), o humor perverso de Dr. Strangelove (claramente retratado no personagem do tio de Harold), a banda sonora tão proeminente como em 2001: A Space Odissey. Porém, Hal Ashby consegue conjugar todas as suas influências e torná-las suas, originais, tocantes.
Sem dúvida, um clássico, Harold and Maude é uma ode à ressureição, ao amor impossível, à vida que ganha um novo sentido, ou um primeiro.